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Hemangioma

  • Foto do escritor: pbonan
    pbonan
  • 16 de out. de 2018
  • 6 min de leitura



CASO CLÍNICO

D. B. L., gênero masculino, 21 anos de idade, apresentava uma lesão vermelho-arroxeada no dorso lateral da língua, mostrando-se uma tumefação vascular, sem sintomatologia de dor à palpação e de consistência mole. Fez-se a manobra da vitropressão e, como se tornou pálida, sugeriu-se o diagnóstico de hemangioma cavernoso oral. A partir da anamnese, o paciente relatou a presença dessa lesão há 6 anos, além de que não sentia dor, porém isso o incomodava estética e funcionalmente. Foi explicado ao paciente quanto à natureza da lesão e à importância de tratamento, sendo a escleroterapia a escolha terapêutica. O resultado foi de completa regressão da lesão após 15 dias.


D. B. L., male, 21 years old, showed a red-purpled lesion in the lateral dorsum of the tongue, seeming to be a vascular tumefaction, without symptomatology of pain in palpation and soft consistence. The vitropression maneuver was done and, as the injury became pale, it was suggested the hemangioma diagnosis. From anamnesis,the patient reported the presence of this lesion for 6 years, besides the absence of pain, but it bothered him estetically and functionally. The patient was informed on the nature of the lesion and the importance of treatment, with sclerotherapy being the terapeautical choice. The result was a complete regression of the injury after 15 days.



HEMANGIOMA


O hemangioma é uma lesão proliferativa benigna dos vasos sanguíneos, correspondendo ao tumor benigno mais comum em recém-nascidos e da infância, embora alguns casos apareçam na vida adulta. É caracterizado por ser um hamartoma (malformação) dos vasos sanguíneos, e não um neoplasma verdadeiro. Além disso, ele não é uma lesão exclusiva da boca, podendo se desenvolver em qualquer parte do corpo. A localização mais comum é a região de cabeça e pescoço, sendo que na boca ocorrem principalmente nos lábios, língua e mucosa jugal. Podem ocorrer na maxila ou mandíbula, chamados hemangiomas intra-ósseos, cujo diagnóstico diferencial se torna mais difícil. Clinicamente se apresenta como uma mancha ou nódulo arroxeado, o tamanho é variável, dependendo de alguns fatores como idade e local da lesão. É relativamente flácido à palpação, podendo ser circunscrito ou difuso.


São classificados em:

· Hemangioma capilar;

· Hemangioma juvenil;

· Hemangioma cavernoso;

· Hemangioma arteriovenoso.


Características clínicas:

1) Hemangioma capilar:

Recebe esse nome devido ao tamanho capilar dos vasos sanguíneos; é o tipo de hemangioma mais comum no sexo feminino. São caracterizados por pequenos vasos e delgada parede vascular, delimitada geralmente por uma única camada endotelial. Clinicamente podem mostrar-se como lesões superficiais e róseas a avermelhadas, devido a sua cor brilhosa, algumas vezes são chamados de hemangioma “em morango”. A evolução de um hemangioma capilar começa a ser observada ao nascimento ou nas primeiras semanas de vida e prolifera-se rapidamente, manifestando uma massa elevada e lobulada vermelha/roxa até os 12 meses; depois, o tamanho da lesão se estabiliza e regride com o passar dos anos. Aos 7 anos de idade, a maioria dos hemangiomas capilares já terá involuído.



2) Hemangioma juvenil:

O termo hemangioma juvenil, também chamado de hemangioma capilar, refere-se ao estado inicial, imaturo, altamente celular do hemangioma. Essa lesão é encontrada mais comumente na região da parótida no período da infância. Ao longo do tempo, as características do tumor mudam, tornam-se menos celular e, por isso, podem ser indistinguíveis de um hemangioma capilar típico.


3) Hemangioma cavernoso:

O termo é decorrente do grande diâmetro dos vasos sanguíneos proliferantes, que apresentam tendência a localizar-se mais profundamente acometendo a derme profunda e o tecido subcutâneo e com possibilidade de comprometer órgãos internos e o sistema nervoso. Ao exame físico, a sua delimitação é menos definida e possui consistência amolecida à palpação, além de que fica pálido ao uso da vitropressão.


4) Hemangioma arteriovenoso:

Podem ser chamados de malformação arteriovenosa ou fístula arteriovenosa, pois são malformações vasculares causadas por uma comunicação anormal entre a circulação arterial e venosa. Ao exame clínico, pode ser verificada uma vibração ou ruído sobre a massa, além de apresentar a pele suprajacente quente.


Características histopatológicas:

Os hemangiomas capilares iniciais são caracterizados por numerosas células endoteliais roliças e frequentemente lúmina vascular indistinta, e quando maduras, apresentam maiores espaços vasculares e as células endoteliais ficam aplainadas.

Os hemangiomas cavernosos apresentam vasos dilatados bastante evidentes, com risco de ocorrer trombose secundária ou flebólitos.

Os hemangiomas arteriovenosos apresentam uma mistura de artérias e veias com paredes espessas ao longo dos vasos capilares.


Métodos de diagnóstico:

O método mais simples e prático é realizado por diascopia ou vitropressão, em que ao fazer a pressão sobre a lesão, a mesma fica esbranquiçada, sugerindo origem de natureza intravascular. Outro método, pode ser a punção aspirativa, para designar o conteúdo sanguíneo da lesão. Outros exames podem ser feitos, como ressonância magnética (RM), que apresenta elevada acurácia, podendo avaliar a delimitação das lesões e sugerir informações a respeito do fluxo vascular; a ultrassonografia, também com a mesma finalidade da RM; a tomografia computadorizada, para avaliar o possível acometimento de lesões intra-ósseas; a arteriografia convencional, com o intuito de expor detalhadamente o leito vascular. Para finalizar o diagnóstico é feita uma biópsia excisional, que possibilita análise microscópica do hemangioma.


Diagnóstico diferencial:

Os hemangiomas precisam ser distinguidos das manchas vasculares, das malformações vasculares e de tumores vasculares da infância. Para distingui-las faz-se a anamnese, para saber a história clínica, assim como a realização do exame físico.


Tratamento e prognóstico:

Como a maioria dos hemangiomas sofrem involução, o tratamento frequentemente consiste em acompanhamento clínico. Algumas condutas, porém, podem ser tomadas, como o uso de corticosteroides sistêmicos para reduzir o tamanho da lesão; a realização de cirurgia, principalmente para hemangiomas cavernoso e arteriovenoso; a terapia com laser é bastante interessante; a embolização pode ser usada como método primário de terapia para as lesões grandes e inacessíveis, ou no pré-operatório para reduzir a perda sanguínea durante o procedimento; a utilização de agentes esclerosantes, como o morruato e psiliato de sódio, o tetradecil sulfato de sódio e o oleato de etanolamina, entre outros.

Para a escolha do tipo de tratamento, devem ser consideradas algumas características da lesão, como a localização, duração, a idade do paciente, a hemodinâmica do fluxo sanguíneo, além da viabilidade da técnica a ser utilizada.


Escleroterapia:

Consiste num agente esclerosante, sendo utilizado o oleato de etanolamina, cuja indicação pode ser para tratamento de hemangiomas e varizes. O mecanismo de ação resume-se a causar necrose tecidual e formar trombos locais observados 24 horas após seu uso.

O oleato de etanolamina corresponde a um derivado de ácido oleico que possui propriedades hemostáticas comprovadas. O componente oleico causa coagulação local pela ativação do fator de coagulação XII (fator de Hageman) e a etanolamina inibe a formação do coágulo de fibrina pela quelação do cálcio. A ação conjunta dessas duas substâncias faz com que haja um equilíbrio hemostático e, consequentemente, evite hemorragia.

A dose do medicamento deve ser proporcional ao tamanho da lesão. Durante a realização desta técnica a anestesia não é de extrema necessidade. A aplicação do agente esclerosante deve ser de forma lenta para não efetuar a ruptura de vasos sanguíneos e não provocar sensação de ardor pelo paciente. Além, disso, a injeção não pode ser superficial para não ocorrer necrose indesejada na mucosa oral.

Apresenta contra-indicações para pacientes diabéticos não controlados, mulheres grávidas e em áreas de infecções secundárias.


Referências:

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